O amor nos ensina a simplificar perdões porque nos humaniza e nos lembra o quanto precisamos ser igualmente perdoados por tantas coisas, tanta gente, a começar por nós mesmos. Ele dispensa julgamentos porque abraça virtudes e limitações. Ele nos aproxima do nosso tamanho. Ele nos recorda quem somos. O amor nos revista, inteiros, pra retirar relógios, roteiros, estratégias, controles, defesas, não raro, escondidíssimos. Diz nas sutilezas. Diz belezas incríveis que conseguimos ouvir, por mais surdo e cético que o nosso coração tenha se tornado ao longo do caminho, com todas as perdas de que também foi feito, todas as frustrações.
O amor nos molda a cada movimento para a liberdade de acolher o imprevisível, o inimaginável, o inevitável, o aprazível. Para querer ser e querer sinceramente que os outros também sejam. O amor nos salva do costume de aceitar o mínimo que a vida pode nos oferecer quando ela quer nos ofertar o bastante. Ele nos torna mais sensíveis à alegria e à dor de toda gente, inclusive, principalmente, às nossas. Faz com que a gente se sinta parte da família humana. Conta que aquilo que procuramos, amiúde, num mundaréu de lugares, esteve o tempo todo, primeiro disponível, onde raramente buscamos. Reinventa-nos para nos tornar mais parecidos com nós mesmos, o máximo possível a cada instante. Dia após dia da nossa prática. Com medo e tudo. Com propósito e também com carinho. Devagarinho.